A população brasileira tem vivido um processo acelerado de envelhecimento, porém a cor da pele é um fator de desigualdade ao longo do ciclo de vida. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 2014 (PNAD 2014) mostram que a população negra no Brasil é maior que a população branca no grupo etário de 0 a 59 anos e a partir dos 60 anos de idade, a população negra diminui, ou seja, quanto maior a idade, menor é a proporção da população negra.
Historicamente, o Brasil mantém encoberto o racismo, esse preconceito e discriminação à população negra, que gera marcadores de desigualdades fazendo com que as trajetórias de negros e pardos nem sempre alcancem a longevidade e o envelhecimento.
Além do menor tempo de vida da população negra, a pesquisa conduzida pelo doutor em epidemiologia Roudom Ferreira Moura na cidade de São Paulo, aponta que a saúde de pessoas idosas negras é pior que a de idosos brancos.
A população idosa negra apresentou piores condições de escolaridade, renda, índices elevados de hipertensão arterial e menos acesso aos serviços privados de saúde em relação aos brancos. Em decorrência disso, pessoas negras morrem mais cedo, têm menos qualidade de vida na fase da velhice, não têm tempo para o lazer e muitas vezes precisam trabalhar já idosos para complementar sua renda. Apresentam maior índice de analfabetismo, são acometidas por incapacidades funcionais mais cedo e residem em regiões sem oportunidades para o envelhecimento ativo. Na contramão dessa realidade marcada por desigualdade, existem grupos nonagenários, centenários que, na maioria das vezes, são compostos por brancos, que não enfrentam as barreiras impostas pelo racismo estrutural e conseguem acessos a bons serviços públicos e privados, alimentos saudáveis, residências em bairros promotores de bem-estar e outras boas práticas de saúde.
O racismo, intolerância e a discriminação racial no Brasil afetam diretamente as condições de saúde da população negra, por isso precisamos rever nossos conceitos, escolhas e atitudes, para construirmos uma sociedade mais justa, com valores centrados nas pessoas, independentemente de sua raça, religião, orientação sexual e ideologias políticas.
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